O AVIVAMENTO E O CONFLITO DAS GERAÇÕES
Por Elismar Veiga - 04 de março de 2020
Inscreva-se hoje e garanta sua vaga
Por Elismar Veiga - 04 de março de 2020
Depois de tanto relutar resolvi escrever. Na maioria das vezes prefiro não opinar sobre eventos polêmicos que envolvem a igreja de Cristo, mas sobre esse episódio em especial, considerando os fatores pedagógicos que envolvem o caso, resolvi escrever.
No último feriado de carnaval durante um grande congresso de jovens em Goiânia, um pastor interrompeu a ministração de um dos convidados e fez um apontamento crítico sobre as tatuagens que aquele jovem usava. Naturalmente, a cena tomou grande repercussão e causou certo embaraço para a coordenação e alguns milhares de presentes. De um lado, um pastor de idade avançada, de outro lado um jovem musico famoso. De um lado, o pastor Antonio de Jesus Dias, do outro, o cantor Alessandro Vilas Boas.
Sobre como vejo o episódio? Vou opinar, mas antes me permita fazer uma análise bíblica como pano de fundo para minha reflexão. Inicialmente quero apresentar um conceito sobre convergência geracional dentro de cultura de avivamento, a ação de Deus através das gerações.
Deus se apresentou por várias vezes no antigo testamento como o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó (ou Israel). Esse sempre foi o cartão de visita preferido do Eterno. Ao se apresentar nesses termos Deus está apontando mais que o nome dos três principais patriarcas de Israel, Ele está também descortinando sua maneira de atuar na terra. Deus mantém sempre três gerações na terra, Ele é o Deus dos Avós, dos filhos e dos netos; de Abraão, Isaque e Jacó. Por inúmeras vezes Deus se apresenta aos filhos como o Deus dos pais. A Salomão Ele se apresentava como o Deus de Davi.
Dentro do propósito eterno as manifestações de Deus sempre se perpetuaria através de uma convergência de gerações. As três gerações vivendo dentro dos mesmos propósitos. A principal estratégia de Satanás é quebrar esse vínculo, gerando um abismo entre as gerações e distanciando-as cada vez mais física, emocional e espiritualmente.
Um reflexo disso pode ser notado na igreja. As gerações se sentam em cantos diferentes, ouvem canções diferentes, tem uma linguagem diferente e participam de reuniões bem distintas. Tudo isso passa tão desapercebido que nem sequer questionamos. Aceitamos como obra do tempo, mas não é. É na verdade uma influência diabólica na cultura cristã.
As maiores diferenças podem ser notadas nas gerações das pontas, ou seja, a geração que está saindo (os avós) e a geração que está chegando (os netos). As maiores diferenças estão ai. Falta alinhamento, falta comunicação, falta convergência. Um abismo foi criado entre a geração que está chegando e a geração que está saindo. Uma parece ser antiquada, fora de época; a outra parece ser extravagante, fora de contexto. Esse abismo só cresce à medida que os anos avançam. Os avós se isolam em suas memórias, enquanto os netos se isolam em seus mundos virtuais. Estamos perdendo a geração de Abraão e não nos damos conta disso; estamos perdendo a geração de Jacó de forma invisível.
Temos um problema, um abismo entre as gerações da ponta. Isso é real. Entretanto, nosso maior problema está na geração do meio, a geração de Isaque. Deus deu a essa geração a responsabilidade de ser a liga, a conexão; no entanto, ela se perdeu na busca desenfreada por dinheiro, status, fama e protagonismo. Sem a liga as gerações se quebram, as revelações são perdidas no tempo e sempre que surge uma nova geração tem que começar tudo de novo, do zero.
A geração do meio deveria ser a base, o elo que liga a experiência à força; o equilíbrio à velocidade. Cabe a essa geração conectar a geração que está chegando ao conhecimento das revelações da geração que está saindo. Ela deveria estabelecer uma plataforma para que a nova geração não tenha que começar tudo de novo.
Olhando friamente para esse cenário é desanimador. Não percebemos nenhuma reação visível da geração do meio em promover essa convergência. Não parece haver nenhuma reação ou mesmo uma percepção dessa realidade por parte da geração do meio.
Felizmente nosso olhar não é frio, temos a visão daquele que tem olhos de fogo. Em tempos de avivamento olhamos por lentes que queimam. Em Joel 2.28 temos uma profunda revelação à geração do meio, “vossos filhos profetizarão... vossos velhos sonharão”. O Próprio Espírito Santo fará essa convergência. Essa é a palavra para tempos de avivamento, a geração do meio será a liga novamente, ela vai conectar uma geração de profetas a uma geração de sonhadores. Em tempos de avivamento Deus faz coisas aparentemente loucas; Ele inverte a pirâmide. Os velhos que sonham e os jovens que profetizam. Deus fará outra vez! As duas gerações da ponta vão estar debaixo da mesma unção e da mesma revelação profética. O abismo será removido. O próprio Espirito Santo promoverá isso, como sempre, sobrenaturalmente.
Agora que temos uma visão mais ampliada do que chamamos de convergência de gerações voltemos ao episódio em questão. Duas gerações se encontram num congresso e parece claramente existir um abismo entre as duas. Uma tentativa de comunicação gera crise por conta de uma fissura de décadas. Falta alinhamento!
Voltemos as escrituras, quando Elias estava prestes a ser arrebatado a bíblia diz, indo eles, andando e falando.
Como Deus tem ministrado isso em meu coração. Aqui está um extraordinário modelo bíblico de avivamento como resultado de convergência geracional. As duas gerações da ponta, quem está saindo e quem está chegando é levado profeticamente para a mesma geografia no Espírito e ali, eles caminham e conversam. As duas gerações da ponta estão falando sobre as mesmas revelações, elas aprenderam a andar juntas. Não há mais abismo geracional, o próprio Espirito Santo promoverá esse alinhamento.
Jovens receberão a transferência de unção profética dos anciãos, enquanto incendeiam os corações daqueles que lutaram uma vida inteira e agora receberão, desses jovens profetas, o vigor para que possam sonhar outra vez. Cada um dando de si a medida que Deus lhes deu!
O que aconteceu em Goiânia é um diagnóstico da falta de alinhamento entre as gerações da ponta, mas por outro lado reflete um mover do Espírito, Deus está reunindo as gerações na mesma geografia espiritual. Deus está agitando as águas e por isso causa certo incômodo, mas é necessário. Como no caso de Elias e Eliseu, as gerações da ponta precisam caminhar e comunicar. O Espirito promoverá isso, ainda que custe um alto preço para a religião.
Os céus abriram além do Jordão, enquanto eles iam andando e falando. Quando as gerações das pontas forem realinhadas outra vez, os céus se abrirão novamente. Há algo precioso aqui. Não acredito num avivamento entre os jovens, tampouco num avivamento entre os velhos. O avivamento virá e incendiará as três gerações. Elas aprenderão a passar o bastão em movimento, para isso devem correr juntas, no mesmo ritmo, de mãos conectadas até que chegue o momento da passagem.
Finalmente, tenho centenas de amigos que são fortemente influenciados pelo ministério desse jovem, Alessandro Vilas Boas, um tição tirado do fogo, um incendiário do Espírito. Eles assistiriam a cena e diriam, quem é esse velhote antiquado? Eles não conhecem a história daquele ancião.
Por outro lado, tenho algumas centenas de amigos que foram fortemente influenciados pelo ministério daquele ancião, Antonio de Jesus Dias, um exemplo de vida aos pés da cruz, um pastor veterano e de um currículo no reino extraordinário, como pastor, como pregador e como deputado constituinte. Muitos dos direitos religiosos que tempos assegurados em nossa constituição foi o resultado do trabalho daquele ancião. Muitos desses meus amigos me diriam, quem é esse menino tatuado para nos ensinar alguma coisa?
As duas gerações de ponta não se conhecem, mas a minha geração, a geração do meio conhece as duas. Esse é o nosso papel, ser a liga, a conexão, ser a catalisadora de uma cultura de avivamento geracional, e consequentemente, sustentável. Cabe a minha geração chegar para esses meninos e dizer, vocês estão chegando agora, chegaram em alta velocidade porque uma estrada foi pavimentada por quem veio antes, não despreze a história. Cabe a minha geração chegar para esses anciãos e dizer, venham ver os meninos profetas que o Senhor está levantando, o fogo está voltando para o altar, tem um prenúncio de avivamento vindo ai.
Cabe a minha geração segurar as mãos das gerações das pontas e dizer, Pai, venha aqui, filho, venha aqui, vamos andar juntos, vamos falar sobre o que Deus fez e o que Ele está fazendo novamente, vamos orar juntos, Oh senhor, faz outra vez.
Encerro deixando meu profundo respeito ao Pastor Antonio de Jesus Dias pelo seu trabalho e por sua vida exemplar. Deixo também uma profunda admiração ao jovem profeta Alessandro Vilas Boas pela forma cristã que reagiu ao episódio, mostrando maturidade sob pressão.
Deus abençoe a todos!